Toledo / PR - sexta-feira, 03 de maio de 2024

Conheça os Transtornos Psiquiátricos mais Comuns

A avaliação médica psiquiátrica inicial tem o objetivo de determinar quais são as necessidades do paciente e qual o diagnóstico ou doença está afetando a qualidade de vida do indivíduo. Com o diagnóstico realizado, poderemos oferecer um atendimento específico e individualizado.

Em alguns casos, o paciente pode precisar de tratamento com medicamentos, com psicoterapia ou ainda com a combinação de ambos.

 Além de tratamento, o paciente e sua família merecem receber boas informações sobre seu estado de saúde e como seu tratamento acontecerá; nesse ponto a boa conversa com o médico e a internet são fundamentais. Mas como uma grande “fonte de informações” que é, a internet oferece esclarecimentos a respeito de várias doenças, infelizmente nem sempre com o cuidado e a confiabilidade adequada.

Pensando nisso, na qualidade e confiabilidade das informações, oferecerei dados e links para que o indivíduo e sua família possam receber boas orientações sobre sua patologia e sobre seu tratamento.

Deixo claro que a descrição de cada condição é sucinta e superficial e não substitui a consulta médica. Boa leitura.

 

Ansiedade

            A “ansiedade”, ao contrário daquilo que a maioria das pessoas pensa, não é algo ruim; na verdade ela é fundamental para a sobrevivência da espécie.

            Sentir-se tenso, preocupado, “acelerado”, por exemplo, fará com que você tenha uma capacidade maior de enfrentar uma situação e de superá-la. Lembre-se da sensação que sentimos quando entramos em um lugar novo, temos um primeiro encontro com aquela pessoa especial ou quando não temos como fugir e precisamos falar para um grupo de colegas. Não venceríamos esses desafios sem uma dose saudável de ansiedade.

            Agora imagine o desgaste de alguém que mantém essas “habilidades” em enfrentar os desafios ligadas 24 horas por dia sem nenhuma necessidade real. Essa descrição bastante simplista exemplifica o que seria uma “ansiedade doença”, ou “ansiedade patológica”. Nesse caso a ansiedade perdeu sua função “adaptativa”.

            Na sequência veremos algumas condições consideradas “ansiedade patológica” e que requerem tratamento e cuidados.

 

Transtorno de Ansiedade Generalizada

Afetando cerca de 18 % dos adultos (ECA, 1997), o transtorno de ansiedade generalizada (ou simplesmente “TAG”) é uma das doenças que provocam ansiedade exagerada e muito sofrimento para o indivíduo. No TAG é comum que o paciente sinta cansaço, irritabilidade, dificuldades em relaxar, preocupações excessivas, palpitações, malestar no estômago entre tantos outros sintomas.


Quem sofre com o TAG tem a nítida impressão de viver constantemente pronto para uma “guerra”, ou para um perigo em potencial. O organismo se mobiliza e se prepara para enfrentar perigos que na verdade são potenciais, ou seja, possibilidades remotas ou imaginárias. O preço que o indivíduo paga por manter o corpo sempre pronto para o combate é extremamente alto: a perda da saúde, do bem estar, perda de desempenho profissional, social e até conjugal.

Infelizmente muitos pacientes não recebem tratamento adequado para TAG, aumentando em 4 vezes o risco de problemas cardiovasculares (como infarto do coração e derrame cerebral), além de agravar outras doenças como a hipertensão arterial e o diabete.

Recomendo também a leitura do texto de autoria do Dr. Dráuzio Varella sobre TAG: http://drauziovarella.com.br/letras/a/tag-transtorno-da-ansiedade-generalizada. No site você poderá encontrar muitos outros artigos interessantes.

Veja mais também no site da Associação Brasileira de Psiquiatria: http://abp.org.br/2011/medicos/clippingsis/exibClipping/?clipping=5630

 

Síndrome do Pânico

            Quando o ser humano enfrenta perigos imediatos, a exemplo de uma situação ameaçadora, violência urbana, uma ameaça verbal, por exemplo, seu organismo terá uma resposta diferente àquela que observamos no TAG já descrito acima.

            Seria compreensível que, em uma situação de perigo você sentisse seu coração disparado, seus músculos tensos e preparados para lutar, sua respiração mais rápida e ofegante, tremor, enfim, nada mais seria que uma adaptação para a luta pela sobrevivência.

Mas se essas reações físicas acontecessem sem nenhum motivo aparente, enquanto você assistia ao seu programa de televisão ou durante a missa? Com certeza você ficaria muito preocupado, amedrontado, sem entender o que ocorreu. Provavelmente ficaria tenso, com medo de uma nova “crise” e evitaria os lugares na qual ela já ocorreu. Sentiria medo até mesmo em locais nos quais fugir seria complicado, ou ter alguém de confiança para lhe socorrer caso venha novamente aquele mal estar terrível.


Quando o paciente desenvolve medo e desconforto em lugares fechados, no meio de multidões, ônibus, elevadores, ou em qualquer local em que acredite que possa ficar sem saída ou fuga fácil, dizemos que se trata de Síndrome do Pânico com Agorafobia.

Acredita-se que esse falso alarme ao perigo seja provocado por receptores cerebrais que detectam a quantidade de oxigênio no sangue (chamada de “teoria do falso sufocamento”) como postulou o ilustre professor e doutor norte-americano Donald Klein.

Durante essa sensação extremamente desagradável de “pânico” é comum que apareçam: sensação de morte iminente, palpitação, sensação de falta de ar, formigamentos, tremor, fraqueza nas pernas, tontura, visão borrada, boca seca, palidez, entre outro sintomas.

Em geral a crise dura entre 15 a 30 minutos, sendo portanto  “autolimitada”, ou seja, terminará antes mesmo que o paciente chegue ao pronto socorro. Isso mesmo; é comum que o paciente pense que se trata de um “ataque do coração” e procure uma emergência médica. É preciso lembrar que, sendo a chamada “Síndrome do Pânico”, ir a um hospital a cada crise apenas causará mais medo e insegurança, no paciente e na família.

O tratamento pode ser feito com medicações adequadas e bastante seguras, assim como com exposições repetidas, graduais e orientadas por um terapeuta capacitado para tal.

Você poderá encontrar outras informações no site PsiqWeb:

http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=77


Transtorno Obsessivo Compulsivo

            Podemos descrever o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), como uma situação na qual o indivíduo confere ou pensa sobre algo como se “nunca fosse o suficiente”. Explico: os pensamentos repetitivos geram ansiedade, os rituais de limpeza ou de contagem nunca terminam e o dia fica tomado por regras muitas vezes absurdas e causadoras de ansiedade.


            Os pensamentos repetitivos (obsessões) são, com frequência, relacionados ao medo de contaminação, superstições, à soma de caracteres numéricos presentes no dia-a-dia, orações, enfim, não há limite para a enorme variedade de conteúdos possíveis. Em comum, todos os pensamentos obsessivos são causadores de sofrimento, de ansiedade, de prejuízo no cotidiano; surgem contra o desejo da pessoa que, na tentativa de resistir e “afastar” tais “idéias ruins”, agrava o quadro e o sofrimento.

            Na tentativa de neutralizar ou diminuir a angústia causada pela obsessão, o paciente pode começar a ter atitudes ou “rituais” (compulsões). O exemplo clássico seria aquele relacionado à contaminação: após tocar na maçaneta de um banheiro público você sente uma enorme ansiedade, sentindo-se contaminado com as mais perigosas bactérias. A partir desse ponto, para aliviar a sensação desconfortável as mãos passam a ser lavadas repetidas vezes; infelizmente o alívio é temporário.


O medo e a dúvida tomam conta do seu pensamento e você retorna ao banheiro para novamente desinfetar partes de seu corpo.

            É comum que a família do paciente se adapte aos rituais ajudando a realizá-los, agravando os sintomas e a doença como um todo. Gradativamente o indivíduo com TOC torna-se mais comprometido e prejudicado em sua vida diária.

            Não há motivos para sentir-se envergonhado sobre o assunto. Claro, algumas pessoas não entenderão o quanto você sofre, tampouco farão um comentário motivador. Espere comentários como esses: “pare com essas manias”, “você precisa se controlar”, “porque você continua fazendo isso se sabe que é inútil?”.


Felizmente existem bons tratamentos para a doença. A associação entre medicação e psicoterapia comportamental é a alternativa mais adequada na maioria dos casos segundo os estudos feitos na área.

Uma das técnicas mais eficazes contra o TOC é a terapia de “exposição e prevenção de resposta” (EPR): o paciente procura por situações que lhe causem ansiedade ou sofrimento (exposição) e logo após evita a realização dos rituais de amenização do desconforto. Essa é uma modalidade de tratamento que deve ser aplicada por profissional experiente.

Pessoas que não melhoram (em torno de 20% delas) podem receber indicação de tratamentos mais intensivos, como o tratamento feito por uma psicóloga preparada para realizar “acompanhamento terapêutico”. Essa modalidade de tratamento feita em domicílio (ou no trabalho, porque não?) visa recuperar pessoas que estão gravemente afetadas pelo TOC, que não se expõe a nenhuma situação ansiosa ou que se recuse a tomar as medicações prescritas.

Para casos muito raros, neurocirurgia poderá ser realizada desde que comprovado que o indivíduo já realizou adequadamente todos os tratamentos disponíveis.

Uma das técnicas mais eficazes contra o TOC é a terapia de “exposição e prevenção de resposta” (EPR): o paciente procura por situações que lhe causem ansiedade ou sofrimento (exposição) e logo após evita a realização dos rituais de amenização do desconforto. Essa é uma modalidade de tratamento que deve ser aplicada por profissional experiente.

Veja abaixo sugestões de filmes interessantes sobre o tema TOC.


Para mais informações sobre o TOC, confira o link abaixo. Informe-se, quanto mais souber sobre o assunto mais fácil será superar o transtorno.


http://www.astoc.org.br


Ansiedade Social

Qual o grau da sua timidez? Todos nós temos timidez? Você fica preocupado com o jeito com que as pessoas vão avaliá-lo(a) ou tirar conclusões sobre seu comportamento? Como avaliarão o seu desempenho?


A resposta mais esperada para todas essas questões é “sim”, praticamente todos nós temos preocupações com essas situações que enfrentamos no cotidiano.

Mas, se você se sentisse tão desconfortável em uma festa ao ponto de se recolher num canto ou até mais, evitar ir a essa festa? Se sentisse que todos a sua volta estão pensando que você é “ridículo”, que não fosse digno de aceitação? Se a sua ansiedade fosse intensa e o impedisse de seguir em frente e se enturmar? Provavelmente esse não seria um sofrimento considerado adequado para um indivíduo.  Considerando que você tenha prejuízos no seu dia-a-dia, então temos um problema em tanto.

Na verdade, uma certa dose de timidez é necessária; explico. Não seria adequado chegar a um local novo, com pessoas desconhecidas e agir como se você as conhecesse há muito tempo, desconectando-se totalmente da maneira como esses estranhos estão te avaliando. É necessário “tatear” se estamos sendo aceitos para que não entremos em situações delicadas ou sejamos rejeitados.

Portanto, precisamos da timidez para que nos adaptemos ao ambiente, sobrevivamos, evitemos comportamentos “ridículos” ou inapropriados e sejamos rejeitados e colocados de lado.


Nem sempre é fácil diferenciar uma reação normal de um problema médico. No entanto, se existe sofrimento, um profissional pode determinar se você possui um problema a ser superado ou apenas apresenta reações normais e esperadas para o seu ambiente profissional, pessoal ou familiar.

Vários sintomas são comuns na ansiedade social: embaraço ao ser colocado diante da “avaliação alheia” (aliás, estamos sendo avaliados em todos os momentos), tensão muscular, apreensão, preocupações excessivas, boca seca, palpitação, vermelhidão da face e muitos outros. Alguns indivíduos podem experimentar uma crise de pânico, uma ansiedade súbita entre outros sintomas que provocam o comportamento de fuga das situações embaraçosas.


Quanto mais cedo a ansiedade social for tratada, melhores os resultados. Pacientes que experimentaram muito sofrimento ao longo da vida e procuram ajuda após terem desencadeado uma depressão terão resultados mais limitados, mas muitos ganhos virão com o tratamento.

O objetivo do tratamento é a redução do sofrimento nas situações sociais e a recuperação da qualidade de vida. Podemos obtê-los de duas formas: com medicamentos e com psicoterapia focada no treinamento das habilidades sociais do indivíduo. O tratamento que combina ambas as modalidades seria o ideal.

       Não é preciso dizer que o paciente precisará de uma boa dose de paciência e persistência; os resultados levam algum tempo para aparecer e será necessário esforço para se submeter a tarefas de enfrentamento gradual das situações temidas, de forma gradual, iniciando-se com situações mais simples e que causem ansiedade menor.

     Abaixo estarão alguns links interessantes. Caso você esteja em tratamento, aproveite e anote suas dúvidas. É importante que você converse com seu médico sobre aquilo que ainda não está claro sobre o problema ou sobre o tratamento.


Psicosite - Ansiedade Social - Link